Dr. Ricardo Ferreira Bento

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Presidente de 1996 a 1999

"Quando assumi a SBO, não tínhamos sede e a Sociedade era registrada em Porto Alegre, no endereço do Lang, já falecido havia vários anos. Na época, o novo presidente recebia algumas caixas com todo o material da Sociedade e seu expediente de cartas, atas etc.

O consultório do novo presidente passava a ser a 'sede', usando toda a infraestrutura, como secretária e telefone.

A primeira providência foi informatizar o banco de membros e emitir as cobranças de anuidades. Tínhamos cerca de 800 membros, dos quais uns 650 inadimplentes.

Começamos a negociar o termo de cooperação da SBO com a ABORL, iniciando um processo de profissionalização. E mudamos o registro da SBO para a sede da ABORL. Nessa negociação foi combinado que a cobrança da anuidade seria no mesmo boleto da ABORL-CCF, e que todos os sócios da ABORL poderiam se associar à SBO. Então, o expediente da SBO poderia ser feito pela ABORL, o que era mais lógico e perene. Também foi negociado que os três eventos das então chamadas "supras-sociedades" (otologia, rinologia e laringologia e voz), realizados separadamente em anos alternados do congresso da ABORL, passassem ocorrer conjuntamente no chamado evento "triológico", tornando-os mais lógicos, uma vez que os patrocinadores e os participantes reclamavam muito de terem de ir a três eventos, em locais diferentes, a cada dois anos.

A gestão, além de marcar pela profissionalização, coordenou a grande realização da SBO de todos os tempos: o programa "Quem Ouve Bem Apreende Melhor", do Ministério da Educação, com a colaboração do Ministério da Saúde, no qual todas as crianças que entravam no ensino fundamental de escolas públicas brasileiras passavam por uma triagem auditiva. Foi, então, idealizado (pelos professores Pedro Mangabeira Albernaz e Ricardo Bento) um teste auditivo que a professora poderia aplicar na classe. Os alunos que não passavam nesse teste eram encaminhados para mutirões realizados por otorrinolaringologistas e fonoaudiólogos voluntários, em centenas de cidades no Brasil, nos quais o médico diagnosticava e tratava os casos mais simples, e as crianças eram submetidas à audiometria.

Uma ampla rede de voluntariado se formou em todo o Brasil, sendo, sem dúvida, uma das maiores ações já desenvolvidas por uma sociedade em prol da comunidade no país. Nos três anos de existência do programa, extinto quando houve a troca do Governo Federal, seis milhões de crianças foram testadas e milhares tratadas - inclusive operadas, quando havia indicação.

Este programa marcou minha vida em particular e as de muitos profissionais envolvidos, e mudou vários conceitos no que diz respeito à saúde pública em nossa área."

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