Objetivo é evitar que frequentadores corram risco de surdez precoce
Boates, shows, fones de ouvidos nas alturas. A ´overdose sonora´ a que se submetem os jovens pode trazer consequências nada agradáveis no futuro. E são os próprios médicos e fonoaudiólogos que alertam: a juventude deve estar atenta e proteger a audição sob pena de ficar surda antes de envelhecer.
Frequentar boates e casas de shows é prática comum para boa parte dos brasileiros e, por isso, é importante saber dos riscos da exposição a sons muito altos, por longo período. O assunto vem mobilizando não só os profissionais da área de saúde mas também parlamentares. A intensidade exagerada do som poderá ser até motivo de cassação de alvará das casas noturnas que ultrapassarem os decibéis permitidos. Pelo menos é o que prevê projeto de lei do deputado Onofre Santo Agostin (PSD-SC), em tramitação na Câmara dos Deputados, que estipula o máximo de 85 decibéis no som das baladas e espetáculos musicais - conforme orientação da Sociedade Brasileira de Otologia.
"Nós temos dentro da orelha um órgão chamado cóclea, que é possui células em formato de cílios, como os dos olhos, que são responsáveis pela amplificação do som. Quando há níveis muito intensos, essas células são destruídas", explica a fonoaudióloga Marcella Vidal, da Telex Soluções Auditivas.
As células ciliadas, após morrerem, não são repostas pelo organismo. A perda de audição, portanto, é irreversível. Daí a importância da conscientização, principalmente entre os mais novos. "Já é possível encontrar casos de jovens que perderam parte da audição devido a sons muitos intensos", alerta a fonoaudióloga, especialista em audiologia.
A perda auditiva gera muitos impactos. Além da difícil comunicação com familiares e colegas de trabalho e um possível isolamento dos amigos, é preciso considerar o aspecto econômico. A surdez pode trazer dificuldades inclusive na hora de encontrar emprego.
"A exposição continuada a sons acima de 85 decibéis pode levar à perda total de audição, com o passar do tempo. São comuns os casos de pessoas que desencadearam problemas auditivos por exposição ao ruído intenso. Recebemos em nossas lojas pessoas que trabalham com música, que já possuem perda auditiva", explica Marcella Vidal.
Para quem suspeita de dificuldades para ouvir, a fonoaudióloga aconselha procurar um médico otorrinolaringologista para fazer o diagnóstico. Muitas vezes o uso do aparelho auditivo é aconselhável.
"O preconceito quanto ao uso de aparelhos de audição está associado à falta de informação sobre os avanços tecnológicos na área. Hoje em dia há uma diversidade de modelos de aparelhos, discretos, com design moderno, alguns até mesmo invisíveis no ouvido (intraauriculares), adequados para diferentes graus de perda auditiva e que não ofendem a vaidade de quem usa. O ideal é consultar sempre um otorrinolaringologista e fazer uma avaliação. Ele dará as orientações necessárias para prevenir ou impedir o agravamento do problema", conclui a fonoaudióloga da Telex.
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